Hospital Espírito Santo de Évora

Urgência pediátrica do Hospital de Évora em risco de encerrar por falta de médicos

O Serviço de Urgência de Pediatria (SUP) do Hospital Espírito Santo de Évora (HESE) atravessa uma grave carência de médicos pediatras, o que põe em risco o seu funcionamento, já a partir do próximo dia 1 de setembro.

O SUP do HESE conta atualmente com 6 médicos pediatras, dos quais apenas 3 realizam trabalho noturno, por questões de limites de idade legalmente previstos, o que faz com que nem o recurso a trabalho extraordinário é suficiente para assegurar a escala de urgência.

Esta situação arrasta-se há vários anos, e os médicos têm vindo a sinalizar, por várias vezes, a sua preocupação ao Conselho de Administração (CA) do HESE e também à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. Apesar disso, estas estruturas gestoras deixaram deteriorar a situação, sem nunca terem encontrado uma solução. Nos últimos anos, 5 pediatras abandonaram o Serviço.

 

Em vez de procurar soluções, o CA do HESE pressiona os médicos para que preencham as escalas de urgência, mesmo não cumprindo as recomendações mínimas de segurança preconizadas pelo Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, que exigem 2 médicos especialistas em presença física.

Desde o início da pandemia por SARS-CoV-2, o CA determinou que o horário semanal destes 6 médicos fosse maioritariamente ou integralmente cumprido em urgência, com prejuízo da restante atividade assistencial em consulta e internamento, o que tem comprometido o acesso das crianças aos cuidados necessários nestes últimos 6 meses.

A situação torna-se particularmente insustentável, tendo em conta o acréscimo de afluência expectável no inverno e a necessidade imperiosa de retomar a «normal» atividade assistencial. Com o adiamento e suspensão de consultas e exames, tem-se assistido a um preocupante aumento de patologias graves.

A situação de rutura da Urgência de Pediatria do HESE é mais um exemplo da política de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) conduzida por sucessivos governos, que tem levado à deterioração das condições de trabalho e da Carreira Médica e consequente abandono do SNS pelos profissionais. Estes problemas são muito anteriores à pandemia e agora veem-se agravados pela pressão acrescida.

Apesar dos exemplos de graves carências em várias unidades do país e dos sucessivos apelos dos sindicatos médicos, o Ministério da Saúde tem mantido uma postura de falta de seriedade e de desvalorização das propostas e a Ministra da Saúde continua a não comparecer à mesa de negociações.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) manifesta a sua solidariedade e envidará todos os esforços para apoiar os colegas pediatras do Hospital de Évora. O SMZS exige do CA do HESE e do Ministério da Saúde, responsáveis por esta situação de rutura, a adoção imediata de soluções que assegurem os cuidados e a segurança das crianças e as condições de trabalho dos médicos.

A Direção do SMZS
31 de agosto de 2020

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul