Algarve

ARS Algarve pretende contratar médicos sem formação especifica para esconder a política de desinvestimento no SNS

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve publicou, no passado dia 4 de setembro, um aviso para recrutamento de 9 médicos não especialistas para o desempenho de funções na área de Saúde Publica, cujo contrato de trabalho terá uma duração de 4 meses e uma remuneração de 1859 euros mensais ilíquidos (ou seja, cerca de 1200 euros líquidos).

 

Esta é a prova de uma deliberada intenção governamental para criar uma classe de médicos sem acesso a formação especializada e assim precarizar o trabalho médico, com graves repercussões a nível da qualidade dos cuidados prestados. Um exemplo similar ocorreu no Hospital Garcia de Orta, que abriu concurso para a contratação de médicos sem especialidade em serviços tão específicos como Cuidados Intensivos, Anestesiologia ou Ortopedia, para os quais não possuem competências.

Este tipo de contratação corresponde a uma completa subversão dos princípios da profissão médica, ou seja, ao médico é vedado o exercício em área para a qual não tem competências, e do respeito para com os cidadãos utentes do Serviço Nacional de Saúde.

A crónica carência de recursos humanos, fruto de anos de desinvestimento, foi agudizada pelo atual contexto pandémico e é urgente o reforço das equipas. Contudo, o Sindicato dos Médicos da Zona SUL (SMZS) não aceita que o Ministério da Saúde use a pandemia de COVID-19 para legitimar uma política de contratação de recursos humanos médicos deliberadamente prejudicial à saúde dos portugueses.

Exige-se que este tipo de “concursos de recrutamento”, que na prática refletem administrações incapazes de gerir as instituições de saúde, seja de imediato abolido e que sejam garantidas as condições para que todos os médicos tenham acesso à formação especializada.

O SMZS exige ainda que a Ministra da Saúde se digne a receber os sindicatos médicos para verdadeiras negociações.

boletim dgs

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul