Médicos de braços cruzados

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) agendou uma greve nacional de médicos para os dias 8 e 9 de março, em resposta à falta de compromisso, por parte do Ministério da Saúde, em negociar as grelhas salariais e na falta de medidas para salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

As negociações com o Ministério da Saúde têm sido prolongadas no tempo, a um ritmo demasiado lento, onde se acumulam os pedidos de adiamento de reuniões e escasseiam as propostas por parte da tutela. Por outro lado, os sindicatos médicos têm feito o seu trabalho de forma responsável, cumprindo prazos e apresentado as suas propostas.

A FNAM sempre assumiu uma posição dialogante e disponível. Em resposta, o Ministério da Saúde tem sido evasivo e tem apresentado medidas paliativas, através da recém-criada Direção Executiva do SNS, à revelia das negociações com os sindicatos.

Para os médicos, é fundamental implementar medidas estruturais: valorizar a carreira médica, negociando novas grelhas salariais, e dignificar condições de trabalho dos médicos, de forma a garantir cuidados de saúde de qualidade para a população.

Têm sido os médicos e os profissionais de saúde que têm assegurado o funcionamento do SNS, apesar do subfinanciamento crónico e da deterioração das suas condições de trabalho. Os médicos chegaram a uma situação insustentável – estão exaustos e desmotivados face à falta de resposta do Governo, à situação difícil do SNS e ao cansaço acumulado durante a pandemia de COVID-19.

Os médicos precisam da solidariedade dos utentes neste momento difícil, a luta pelo SNS é uma luta que afeta toda a gente.

É preciso cuidar de quem cuida. É preciso salvar o SNS.

“Assistimos a uma marcada regressão civilizacional em matérias políticas e sociais, ao rápido aumento da exclusão social e humana, e ao recurso indiscriminado a uma barbárie belicista. A vida humana deixou de estar no centro das preocupações das políticas governativas da generalidade dos países e passou a ser considerada como mais um produto mercantilizável. E um sector onde esta situação tem assumido proporções dramáticas é, precisamente, o sector da saúde.” 

O parágrafo acima, retirado da introdução de “A Saúde, as Políticas e o Neoliberalismo”, de Mário Jorge Neves, sugere-nos que o livro está tão actual hoje quanto estava quando foi escrito, em 2005.
Com a autorização do autor, o SMZS disponibiliza aqui, em formato digital, “A Saúde, as Políticas e o Neoliberalismo.

Bebé a dormir

No âmbito das negociações com o Ministério da Saúde, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) enviou uma proposta de revisão dos direitos de parentalidade para os médicos, de forma a ter em conta o trabalho noturno, as horas extraordinárias obrigatórias e a penosidade e o risco associado ao trabalho médico.

Pessoas na Rua Augusta, em Lisboa, à noite

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) saúda a diretora-geral da Saúde no fim do seu mandato e lembra a importância de o cargo ser assegurado por um médico de Saúde Pública.

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul