A equipa de pediatria do Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. expôs publicamente, esta semana, a situação de rotura do Serviço de Urgência Pediátrica, numa carta dirigida ao Presidente do Conselho de Administração do Hospital e enviada também à FNAM.

«Termos actualmente uma equipa exausta, envelhecida, insuficiente para assegurar as necessidades do Serviço, que trabalha para além dos limites legais e humanamente razoáveis. A escala de Urgência de Pediatria está actualmente em rotura», denunciam os pediatras no documento.

A situação é de tal forma grave que os médicos alertam para a impossibilidade de assegurar a totalidade dos dias de urgência e, já em março, haverá períodos de 12h sem pediatra escalado no Serviço de Urgência.

FNAM está solidária com a luta dos médicos do serviço de Pediatria de Évora, exigindo ao Ministério da Saúde a rápida resposta na melhoria das condições de trabalho desses médicos, assim como rápida abertura de concurso para recrutamento de mais médicos pediatras para esse serviço.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul tomou conhecimento desta carta, que subscrevemos e divulgamos:

Exmo. Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Dr. Carlos Martins
Exma. Directora Clínica do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Dra. Margarida Lucas

Com conhecimento do Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Miguel Guimarães
Com conhecimento do Sindicato Independente dos Médicos
Com conhecimento do Sindicato dos Médicos da Zona Sul

Considerando:

O Centro Hospitalar Lisboa Norte tem um acréscimo de doentes internados, por excesso de procura, muitas vezes em macas nos corredores dos Serviços de Internamento, que chegam a ter um aumento de quase 50% em relação à capacidade real, não havendo nem condições técnicas, nem de humanização, com riscos acrescidos de quedas, infecção, dificuldade de monitorização de doentes graves. Acresce a este problema défice de Unidades Intermédias e muitas vezes falta de vagas em Cuidados Intensivos. Trabalhamos em condições más para os doentes, más para os recursos humanos, que não foram aumentados proporcionalmente, sequer por vezes reposto o número dos que se reformam, ou saem por falta de vagas abertas ou por vontade própria.

Neste momento os médicos são confrontados com um problema inusitado na maioria dos hospitais portugueses, que é a falta de técnicos para colheita de sangues dos doentes internados. Essa tarefa, na maioria dos Serviços, não é assumida pelos enfermeiros, o que percebemos, e não é resolvido pela Administração, esperando esta que os médicos, já insuficientes para actividade assistencial acrescida nas enfermarias, consultas, técnicas, ensino, triagens, urgências, normais e extras, ainda colham todos os sangues dos doentes internados, função que não é dos médicos. Além do número de horas totais perdidas, é algo que não está definido claramente pela Administração.

Artigo de opinião de João Proença,
Médico neurologista e presidente da FNAM,
publicado na edição de 13 de Março de 2018
do Jornal Público
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Desde sempre, a FNAM tem participado em negociações, por vezes, com grande adesão e apoio dos médicos. Foram possíveis ganhos significativos, como foi o DL 73/90 da carreira médica. No anterior governo negociamos sempre e fizemos greves e concentração com milhares de médicos. Este ministério tem arrastado as reuniões durante dois anos para uma mão cheia de nada! Neste momento não há negociação digna desse nome.

Este ministério, ao mesmo tempo que paga 120 milhões a empresas de trabalho temporário, não abre concursos atempados, empurrando os médicos para fora do Serviço Nacional de Saúde: para a medicina privada, para as empresas de trabalho temporário e para o estrangeiro. As várias PPP que gerem quatro hospitais públicos fecham serviços, anulam consultas e cirurgias. Visam apenas a otimização do lucro. Nesses hospitais não há lugares de carreira. Infelizmente esta prática já atinge também algumas EPE. O ministério fecha hospitais e serviços para os entregar aos grupos privados.

Reunião Aberta de Médicos

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