SAMS

Apesar da denúncia efetuada pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) no dia 16 de março, a administração do SAMS manteve em exercício de funções os médicos que estiveram em contacto com doentes infetados.

O SMZS sabe que esta atitude teve consequências drásticas, com aumento exponencial do número de profissionais infetados por COVID-19, alguns deles internados e em risco de vida.

No dia 20/03/2020, o SAMS informou os seus trabalhadores que iria encerrar o Centro Clínico em Lisboa, bem como as Clínicas Periféricas e Regionais, «em defesa da saúde pública e, consequentemente, da saúde dos seus trabalhadores, beneficiários e utentes», aventando já então a hipótese do lay-off dos trabalhadores.

Hoje, 23/03/2020, em reunião com o SMZS, o SAMS confirmou o encerramento de todos os seus serviços de saúde, incluindo o Hospital, e informou o recurso ao regime de lay-off simplificado para todos os seus trabalhadores, por período de 1 mês, com possibilidade de renovação.

O SMZS condena veementemente a atitude irresponsável por parte da administração do SAMS, que colocou em risco a saúde dos seus trabalhadores e dos doentes, e que culminou na decisão de encerramento de todos os estabelecimentos de saúde, pondo em causa os direitos e proteção social dos médicos, bem como deixando centenas de doentes sem qualquer acompanhamento.

Esta atitude é incompreensível vinda de um sindicato, o Mais Sindicato, que constitui a entidade patronal do SAMS.

O SMZS irá atuar, por todos os meios ao seu alcance, tendo em vista, não só a proteção dos seus associados, mas, igualmente, a responsabilização da administração do SAMS pela sua reprovável atuação, nomeadamente ao nível da omissão das condições de segurança e saúde dos trabalhadores médicos e da total desconsideração pelos direitos destes.

A Direção do SMZS

USF Genesis

O Diretor Executivo do ACES Loures-Odivelas promove um Plano de Contingência que não promove cuidados de isolamento à população.

Tendo tido conhecimento da incompreensível situação, promovida pelo Director Executivo do ACES Loures-Odivelas, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) escreveu uma carta aberta a exigir responsabilidades.

Exmo Sr. Director Executivo do ACES Loures-Odivelas – Dr. António Alexandre:
C/C: Exmo. Sr. Presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo – Dr. Luís Pisco

Assunto: Plano de Contingência para COVID-19

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), sindicato regional pertencente à Federação Nacional dos Médicos, teve conhecimento do Plano de Contingência COVID-19 apresentado aos seus profissionais.

Deste plano, no que ao Centro de Saúde de Póvoa de Santo Adrião e Olival de Basto respeita, realçamos o seguinte:

  • os cuidados assistenciais aos doentes com e sem médico de família, incluindo o atendimento complementar (AC) à doença aguda, passarão a funcionar no mesmo edifício da área dedicada ao coronavírus (ADC), estando apenas separadas por um piso;
  • o edifício comum tem fácil ligação entre os pisos, ou seja entre a ADC e a área dedicada aos cuidados assistenciais programados e AC, e a entrada autorizada para os utentes é comum;
  • os gabinetes médicos e de enfermagem não têm, na sua maioria, ligação telefónica para o exterior e está previsto o atendimento administrativo não presencial, em teletrabalho, para as consultas programadas e AC;
  • o edifício em causa não foi considerado apto quando inspecionado pela Saúde Pública, em Novembro de 2019, por não possuir água quente - esta situação mantém-se, bem como a rutura de canos com consequente bolor em algumas paredes;
  • a Junta de Freguesia da Póvoa de Santo Adrião/Olival Basto e a Câmara Municipal de Odivelas disponibilizaram duas tendas próximas à unidade mas a proposta foi recusada pela Direção Executiva do ACES - ora, mandam as recomendações que as ADC sejam instaladas em locais separados em espaço físico das instalações que prestam cuidados a outros utentes;
  • o Plano de Contingência não prevê a possibilidade das ADC não terem testes de SARS-Cov-2 suficientes e qual deve ser o procedimento a adotar neste caso;
  • o edifício comum que presta cuidados assistenciais, AC e ADC não possui equipamentos para exames complementares de diagnóstico, nomeadamente radiologia, o que vai invariavelmente manter a deslocação dos utentes ao hospital;
  • até dia 21.03.2020 não foi fornecido nenhum kit de EPI à USF Génesis, apenas existindo máscaras cirúrgicas e em número insuficiente.

O SMZS exige responsabilidade na tomada de decisões por parte do Sr. Diretor Executivo do ACES Loures-Odivelas, que está a colocar em risco a saúde da sua população bem como a dos seus profissionais. Exige a revisão do Plano de Contingência, em cumprimento das recomendações das entidades competentes em matéria de Saúde Pública.

Numa altura em que foi decretado o estado de emergência para garantir a segurança dos portugueses, torna-se incompreensível a incúria de certos administradores que levam a cabo uma gestão danosa para a saúde.

P'la Direção
O Presidente
Mário Jorge Neves

Médico com máscara

Nos últimos dias, alguns centros hospitalares estabeleceram, através de circulares, a indicação de manter profissionais de saúde, que estiveram em contacto próximo não protegido com doentes infetados por SARS-CoV-2, em trabalho regular com máscara cirúrgica, desde que assintomáticos.

As recentes orientações da Direção-Geral da Saúde, na linha, aliás, do que são as orientações internacionais, esclarecem que os médicos cujo contacto não protegido seja de alto risco de exposição devem permanecer em isolamento profilático, durante 14 dias, com restrição para o trabalho.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) relembra que a proteção dos profissionais de saúde é uma questão de saúde pública, dado que os médicos são veículos fáceis de transmissão do SARS-CoV-2, pondo em causa a saúde dos próprios e da população. As falhas na quebra destas linhas de transmissão têm sido apontadas como uma das razões para o descontrolo da pandemia noutros países.

Neste momento, foram já impostas aos profissionais de saúde atitudes que contrariam a melhor prática. É incompreensível que decisões com este impacto na vida dos profissionais e de risco potencial para a população sejam assumidas por quem não tem autoridade para tal.

A Comissão Executiva da FNAM

21 de março de 2020

SAMS

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) está atento aos problemas e preocupações dos médicos que trabalham nos SAMS e informa que irá reunir com o MAIS Sindicato, na próxima segunda-feira, dia 23 de março.

A direção do SMZS tem acompanhado a situação muito difícil de todos os trabalhadores, nomeadamente médicos, dos SAMS, que se agravou durante a atual epidemia de SARS-CoV-2.

Não deixaremos nunca de exigir garantias de que a proteção dos médicos, no exercício da sua atividade profissional, será sempre assegurada. Seja a proteção individual, protegendo médicos e doentes do risco de contágio, seja a proteção no direito ao trabalho.

O SMZS dará conhecimento do resultado da referida reunião aos seus sócios.

Lisboa, 20 de março de 2020

A direcção do SMZS

© Sindicato dos Médicos da Zona Sul